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Uma breve história da ciência da nutrição : Parte 4 (1945–1985)

Brunna de Kácia Ferreira Souza Fabiola Canto Harger Sabrina Keller Gonzalez Lomba

Disciplina: Nutrição Experimental  Professora:  Profª Letícia Carina Ribeiro

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Este é a quarta parte de quatro artigos planejados para fornecer uma breve introdução à história da nutrição, concentrada a relacionar à descoberta das necessidades nutricionais e as qualidades dos alimentos no fornecimento delas. O presente estudo retrata como os problemas eram vistos pelos pesquisadores da época, e segue um curso cronológico, sem se referir prematuramente às explicações modernas desses fenômenos. Por causa do grande número de artigos publicados a partir de 1945 a 1985, o estudo restringe a cobertura para trabalhos que lidam mais diretamente com a descoberta de novos nutrientes, os efeitos da deficiência e a interação de outros fatores que afetam sua biodisponibilidade. Omitindo mecanismos bioquímicos de absorção e função, exceto onde afetam diretamente as necessidades nutricionais.

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Ácido fólico   Conforme descrito na Parte 3, foi encontrado por 1944 que o material denominado "ácido fólico" era uma vitamina exigida por macacos e galinhas para prevenir anemia macrocítica e também foi um fator de crescimento para algumas bactérias. Também foi considerado ativo na estimulação e produção de glóbulos vermelhos em pacientes com anemia perniciosa, embora  pudesse  ser o fator ativo no extrato de fígado, sendo usados para o mesmo fim.

Outra linha de interesse no ácido fólico veio da observação no Reino Unido, indicando uma proporção grande de mães cujos bebês nasceram com defeitos do tubo neural pareciam vir de grupos de baixa renda. Para esse estudo foi fornecido antes de sua próxima concepção, um suplemento multivitamínico que incluía ácido fólico. O momento era importante pois os defeitos do tubo neural ocorrem nos primeiros 21 dias da concepção .

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Percebeu-se que ácido fólico, embora tenha produzido uma resposta em pacientes com anemia perniciosa, não era o fator ativo no aumento preparações de extrato de fígado concentrado usados para esta doença. Nenhum modelo animal foi descoberto que pudesse ser usado para ensaio para a atividade de extratos de fígado.

Em 1948 isolaram "fator fígado". Nomeando seus cristais “vitamina B-12”. A análise dos cristais apresentou traço do metal cobalto. A vitamina em seguida, recebeu o nome alternativo "cobalamina".

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É causada pela incapacidade do organismo de absorver a quantidade de vitamina B12 necessária para a produção de glóbulos vermelhos. Percebeu-se que apenas a cobalamina  diminui o desenvolvimento de doenças neurológicas e complicações com degeneração da medula espinhal em pacientes com anemia perniciosa. Por causa disso, suplementos de ácido fólico foram vistos como um possível perigo, pois eles esconderam a existência de uma deficiência de vitamina B-12. Outro efeito da deficiência de qualquer uma das vitaminas é um aumento na concentração de homocisteína no sangue.

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Descobriu-se que dietas pobres de arroz na Índia continha menos niacina do que dietas romenas à base de milho.  Além disso, os ratos alimentados com uma dieta purificada padrão com 15% de caseína como fonte de proteína prosperou sem qualquer fonte de vitamina e excretou niacina e um metilado derivado em sua urina. Foi então descoberto que os ratos se  tornariam deficientes em niacina se sua dieta purificada foi diluída com 40% de farinha de milho, o alimento que tinha sido tradicionalmente associado à doença na Europa.

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Alcoólatras que sofrem de cirrose do fígado normalmente tinham dietas muito desequilibradas de baixo teor de proteína. Isso levou a estudos com ratos sobre o efeito de tais dietas em seus fígados, mesmo na ausência de álcool. Em 1944 descobriram que a suplementação com metionina foi eficaz contra a necrose hepática produzida com essas dietas.

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Até então, o selênio era conhecido apenas como um elemento tóxico que impossibilitava o pastoreio de animais nas áreas onde o solo era particularmente rico em selênio.  Foi descoberto para prevenir necrose hepática em ratos e diátese exsudativa em pintos, ambos de que já eram conhecidos por serem evitáveis ​com vitamina E, mas na forma de selenito de sódio, era 500 vezes mais ativo que essa vitamina.

Houve descobertas em aldeias turcas onde a depressão do crescimento e a puberdade atrasada foram estudadas tanto em meninas quanto em meninos.  Os ganhos de altura aumentaram significativamente em resposta a 6 meses de recebimento de 27 mg de zinco por dia como o sulfato.

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Ficou claro com o zinco, bem como nas seções anteriores lidando com niacina e selênio, que simples análises para a concentração total de um nutriente na dieta não era uma medida suficiente de sua adequação, pois há a questão mais difícil, sua biodisponibilidade. As evidências comprovam que o aumento da ingestão de um mineral pode resultar na absorção prejudicada de outros.

Além disso, para selênio, cromo e niacina (bem como outras vitaminas do complexo B), a disponibilidade foi influenciada pelas formas químicas ou combinações em que o nutriente estava presente. Verificou-se também que os animais com deficiência de cobre não conseguiram sintetizar elastina de tamanho normal, como resultado suas paredes arteriais eram muito enfraquecidas.

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•Duas proteínas não são idênticas, nem a mistura delas em um alimento é idêntico a outro. •Quão próximo o aminoácido padrão de nossos alimentos precisa corresponder às proteínas do nosso corpo. •Questionamento: Quão próximo o aminoácido padrão de nossos alimentos seria necessário em proteínas animal e vegetal para equilibrar a nossa dieta. •1942 – Willian Rose e seus colegas da Universidade de Illinois trabalharam neste questionamento.

Acima é possível observar os 20 aminoácidos que formam as proteínas.

•Relataram os estudos feitos entre 1948 a 1955 com uma discussão final em 1957. •Conclusão: Homem jovem manteria o nível de nitrogênio balanceado com baixos níveis de aminoácidos com a ingestão de 24g de proteína crua, mas apenas com o consumo de energia maior do que necessário com quantidades equivalentes de proteína intacta; •O aumento no consumo de energia tem o efeito de retenção do nitrogênio

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• Durante a II guerra mundial, com o severo racionamento de alimentos, nos orfanatos foram  fornecidos diferentes tipos de suplementos especiais: Grupo A:  Pão (85% marrom, mas não totalmente de trigo), com suplementos de cálcio e vitaminas, com uma pequena quantidade de leite que contribuía com apenas 8,8% de proteína. Grupo B: recebia a mesma porção extra de leite mas com 3x a proteína animal; (o tratamento perdurou por 6 meses com uma atenta supervisão). •Conclusão: Crianças na faixa dos 9-10 tiveram o mesmo desenvolvimento, 12% de sua energia era proveniente de proteína e somente 14 % de proteína animal e ambos os grupos tiveram o mesmo  desenvolvimento em altura e peso de 25% acima da média.

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•Um grupo do Instituto de Massachusetts sugeriu que mesmo com a ingestão relativamente baixa de proteínas as pessoas estavam com o nitrogênio em equilíbrio, isto se deve às baixas taxas de renovação proteica e do potencial das síntese de anticorpos expostos a infecção. •Em 1985 procedimentos foram desenvolvidos para medir usando turnover e oxidação e estudos com isótopos aminoácidos. •Experiências com pintinhos demonstraram que para o crescimento era necessário aminoácidos essenciais, lisina, o aumento de 0,85% da dieta para 1,1% quando o nível total de proteína na dieta aumentou de 20% para 30%.

•Harper e seus colegas de Wisconsin demonstraram que se adicionar a dieta um alto nível de aminoácido (2% de histidina) para uma dieta contendo 12% de caseína que proporcionou ganho de peso em ratos jovens de 56g em 9 dias, poderia inibir seu apetite e desempenho. •Não foram encontradas evidências que na prática ocorreria com humanos, a preocupação era com as dietas ocidentais que pudessem estar causando acidose com perda de cálcio e ósseo.

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•Estudos indicavam que o fornecimento de proteína, pelo menos para dietas à base de cereais não era um problema. •Em 1960 um nutricionista declarou que: “Nós mudamos da era da pesquisa da vitamina para a proteína”. •A FAO (The Food and Agriculture Organization of United Nations) escreveu  que a deficiência de proteínas na dieta é o mais sério problema do mundo. •“Kwashiorkor” doença da África Ocidental, uma dermatite escamosa, comum em crianças entre 1-4 anos, por deficiência em proteína e também afeta adultos com cirrose, se deve ao alto custo do leite e leite em pó. •A necessidade fez com que alternativas fossem criadas a partir cereais disponíveis na região, podendo prevenir doenças, embora não fossem tão eficazes quanto o mesmo. •Em 1968, as Nações Unidas publicaram um artigo no intuito de evitar uma crise proteica iminente. •Outros projetos de países desenvolvidos foram implementados com recursos do governo e privados em equipamentos e processos, a partir de proteína de peixe em pó. •Projetos de alta tecnologia receberam  críticas  do corpo docente da London School of Hygienne e Medicina Tropical. •A necessidade geral era corrigir as deficiências eletrolíticas e não somente as  protéicas . •A produção sintética de aminoácidos no terceiro mundo seria limitante no terceiro mundo, embora não tenha tido um resultado satisfatório em humanos, esses  têm  sido de valia em alimentação de aves e suínos.

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Em 1963, como resultado de um grande estudo de mais de 400 bebês alimentados com fórmulas por 6 meses, diferindo no teor de gordura, concluiu-se que as crianças que foram alimentadas com dieta pobre em  ácido linoléico, desenvolveram pele seca e espessa e em muitos casos apresentaram crescimento insatisfatório. Quando mais ácido linoléico foi fornecido, os  problemas desapareceram prontamente . Os mesmos sinais de deficiência foram vistos após períodos bastante curtos em bebês que precisavam ser alimentados por via parenteral e não recebiam ác. linoleico. Esfregar a pele com óleo  rico em ác.linoleico provou ser suficiente para corrigir a condição.

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Em 1982, foi relatado que uma menina de 6 anos, que esteve por vários anos recebendo apenas alimentação parenteral com um fórmula contendo muito pouco ácido linolênico, começou a mostrar anormalidades neurológicas, incluindo visão turva. Este distúrbio  desapareceu quando a fórmula foi alterada para incluir mais ácido linolênico.

Ácido Alfalinolênico - ALA -  C 18 H 30 O 2

Quando macacos rhesus foram alimentados com misturas livre de ácido linolênico e seus bebês receberam a mesma mistura, foi observado que, às 12 semanas de idade, eles responderam mal  em  um teste de acuidade visual em comparação com controles . Conclui-se , portanto, que o ácido linolênico era necessário para a dieta.

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N a primeira metade do século XX, era enfatizado o termo “ Tolerância para Segurança ”, que baseava-se que o excesso de alimentos é preferível à limitação para a saúde. Após a Segunda Guerra Mundial, percebeu-se que, ao contrário do que se pensava, a maioria dos países ricos não tinha os melhores registros de saúde e, como afirmado acima, seus padrões alimentares contribuiam para doenças crônicas não infecciosas na meia-idade, tais como  aterosclerose , diabetes, hipertensão e  obesidade. Uma surpresa foi que durante a guerra, quando o fornecimento de alimentos e, particularmente, de alimentos de origem animal nos países europeus foram severamente restritos, a incidência de algumas doenças foram  reduzidas.

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Gordura Proveniente da Dieta e Colesterol

Uma importante causa de morte nos países ocidentais é a Doença Isquêmica do Coração (ou DIC), causada pela deposição de placas de colesterol nas paredes dos vasos  sanguíneos .  Em 1934 os patologistas já sabiam que com uma baixa ingestão de gordura animal esta doença não se manifestava.  Em 1954, foi relatado pela Fundação Rockefeller em Nova York, que uma mistura de gorduras vegetais resultou  em um nível mais baixo de colesterol sérico do que a mesma dieta com gordura de fontes animais.

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Foi relatado em 1959, que quando as taxas de mortalidade de Doença Isquêmica do Coração (DIC) publicadas foram comparadas com diferentes características dietéticas, a correlação mais próxima foi com “o percentual de energia proveniente da gordura saturada”. Ou seja, quanto mais consumo de gordura saturada, maior o índice da doença.

Países Mediterrâneos, com consumo bem menor de gordura saturada, tinham índices muito menores de DIC.

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As lipoproteínas são moléculas formadas por lipídios e proteínas. Sua função é transportar, principalmente, o colesterol e os triglicérides pelo plasma sanguíneo. Em 1977 foi feito um  grande estudo de em que foram analisadas 79 mortes por doenças cardíacas coronárias. Entre os indivíduos cujas lipoproteínas foram estudadas, foi demonstrado que o maior  risco estava entre aqueles com os níveis mais baixos de colesterol em HDL ou α-lipoproteínas.

Enquanto o LDL (Low Density Lipoproteins ou Lipoproteínas de baixa densidade) transporta o colesterol do fígado às células, o HDL (High Density Lipoproteins ou Lipoproteínas de alta densidade) faz o inverso, retirando o excesso de colesterol e levando-o de volta ao fígado, para ser eliminado pelo corpo.

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Câncer de intestino e outras doenças não infecciosas são raras em todos os exames de comunidades que ingerem uma dieta com alto teor de fibras e são comuns em todos os países  onde uma dieta de baixo teor de fibras foi adotada. Os carcinógenos produzidos pela ação de uma  flora intestinal anormal,  quando mantida por um período prolongado em contato com a mucosa intestinal, pode ser responsável pela alta incidência destas doenças. Foi observado que, dentro das comunidades ocidentais, os vegetarianos tiveram um menor risco de doença isquêmica do coração comparado aos outros.

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Ao final da análise do Artigo   A Short History of Nutritional Science: Part 4 (1945–1985)1 Kenneth J. Carpenter2 Department of Nutritional Sciences, University of California, Berkeley, CA 94720-3104”    pudemos analisar que tanto as experiências realizadas com animais  quanto a observação da relação entre a dieta e a saúde/doença feitas no período deste artigo ( anos de 1945 a 1985) foram muito importantes para contribuir com o conhecimento que temos hoje em dia em relação à importância do estudo da nutrição para o desenvolvimento e manutenção da saúde .

Uma breve história da ciência da nutrição: Parte 4 (1945–1985)

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